6.11.13

Bem enganado

Disse o que ouvia dizer sobre as consequências,
e calculei os lucros que vinham com os riscos.
Mas quem é que aguenta um colapso destes?
Dei-te um conselho.
É para isso que me pagas.

Ninguém disse
que escapavas ilesa.
Agora sorri para a câmara oculta
com o teu cúmplice.
Ela não perguntou
se estávamos em «on» ou em «off»,
nem o que isso quer dizer
ou se ainda quer dizer alguma coisa.

Quanto te foste embora
eu pensei que ficava livre.
Estava bem enganado.
Bem enganado.
A fortuna foi-se.
O bólide também.
Estava bem engano.
Bem enganado.

Não percebi que fosse um conflito de interesses:
uma rapariga bonita ao volante de um carro alemão.
Bem sabes que é fácil sucumbir às leis do mercado,
sentas-te num estofo agradável
e ficas logo um passageiro.

Mas ninguém disse
que escapávamos ilesos.
«Não olhem pelo espelho,
pés no chão».
Ela não disse: eu trabalho para a concorrência.
Uma rapariga bonita ao volante de um carro alemão.

E quando te foste embora
eu que pensei que ficava livre.


[«How Wrong Can You Be?», álbum Antidepressant (2006); versão PM]